A manhã de Domingo, despertou sem sinais de vir a ter chuva, como indicavam as previsões meteorológicas e bem pelo contrário, com um bonito sol que aos poucos foi dando os bons dias, a quem se ia levantando, bem dormido, mal dormido ou com poucas horas de sono.
Descansados ou não, com ou sem vontade, tínhamos que voltar a Vila Real a Dar ao Ped@L e o melhor que se poderia fazer antes da partida, era tomar um reconfortante e retemperador pequeno-almoço que nos desse alento e de novo energias, para encararmos o percurso de regresso com elevada determinação.
Não sendo o mata-bicho que queríamos e desejávamos para esse efeito, cada um de nós tomou e comeu o que tinha trazido de casa na esperança que mesmo assim, tivesse obtido os açúcares, os hidratos de carbono e outros componentes, suficientes para garantir um bom desempenho na etapa de regresso.
Faltava desmontar o acampamento, fazer as despedidas e agradecer ao casal simpático e à sua linda menina, a estadia que nos proporcionou no terreno de sua casa e pedir desculpa por um ou outro incómodo que um grupo de amigos também simpático lhes possa ter causado na invasão consentida dos seus domínios, ainda por cima num fim-de-semana, em que o mais que se quer é descanso.
Feitas as despedidas, descemos pelo interior da Granjinha, uma aldeia muito agradável, em direcção a Chaves, ainda com uma pequena paragem num café de bairro, onde bebericamos os cafezinhos da praxe, a nossa bendita cafeína, aditivo extra sem o qual, muitos de nós não “circulam”.
De volta à antiga Linha do Corgo, junto a uma antiga passagem de nível à saída de Chaves, levamos com um maldito cão, capaz de nos comer a todos, tal a raiva que lhe afiava os dentes, mas que, por muito que ladrasse e mau que fosse, não atemorizou o grupo nem tão pouco impediu a passagem das nossas bicicletas.
De novo em estrada, desta vez na EN 103, seguimos em direcção a Curalha, passamos por um recanto muito apreciado e frequentado pelos flavienses, situado na margem do rio Tâmega e também por uma antiga estação que ao rio buscou o nome, bonita e conservada mas agora no domínio privado e vedado. Não sei se serão permitidas visitas, no local não deu para perceber isso, mas da estrada podemos ainda ver, para além da estação, algumas carruagens e uma antiga locomotiva que provavelmente circulou na Linha do Corgo.
Depois de mais uns registos com as máquinas fotográficas, seguimos viagem e um pouco mais à frente, saímos da EN 103, virando à esquerda e entrando novamente na linha para logo mais adiante, atravessarmos a antiga ponte ferroviária de pedra, sobre o Tâmega.
Da ponte em diante e enquanto temos por companhia o Tâmega à nossa direita, todo o percurso é muito bonito, com vistas lindas, bastante e diversa vegetação e algumas partes, rasgado entre as rochas que lhe dão um ambiente mais sombrio e húmido.
Deixamos de ver o Tâmega e entramos numa zona de pinhal também ela muito aprazível e de proporcionar belos passeios de bicicleta ou a pé até chegarmos a um dos apeadeiros por onde não tínhamos passado no sábado, o de Vilela do Tâmega.
Não tanto destruído como outros edifícios de apoio à linha por onde passamos, mas a necessitar de obras de recuperação, a alguém fez lembrar que poderia ser transformado numa sede de alguma associação ou clube, quem sabe até do nosso, tipo núcleo do ARCM por terras transmontanas.
Sonhos à parte, seguimos o nosso destino até ao que viria a ser o nosso maior obstáculo, quiçá a origem do que posteriormente viria a acontecer, depois de o ultrapassarmos.
Falo-vos de um talude bastante íngreme, rasgado pela auto-estrada, que interrompeu a linha do comboio e que tivemos que subir e descer, com as bicicletas, nitidamente às costas.
Aqui, uma vez mais, valeu o espírito de entreajuda do grupo e dos “meninos” que ajudaram as “meninas” a vencerem as dificuldades que eram tão só de peso, não de subir ladeiras, pois a vencer essas, todos nós estamos habituados, pelas caminhadas nocturnas das sextas-feiras e outras que tais.
O pior que nos poderia acontecer e que infelizmente nos voltou a acontecer, foi termos tido mais uma baixa entre o grupo, desta vez o António Oliveira, que sofreu uma valente queda, nos fez sentir uma enormíssima preocupação com o seu estado físico e que teve de abandonar o nosso convívio para se dirigir ao hospital de Chaves, com a finalidade de efectuar alguns tratamento às escoriações e exames de despiste a lesões que poderia ou não ter tido e que graças a Deus, não se confirmaram.
Já com a ambulância a caminho do hospital, seguimos viagem ao encontro do Costa, que viria de Vidago ao nosso encontro e depois seguiria para Chaves a fim de acompanhar o estado de saúde do Oliveira.
Com o Sérgio a pedalar e a levar pela mão a bicicleta do Oliveira, surge-nos mais um contra-tempo, desta vez mecânico. A corrente da bicicleta do Fernando parte-se e sem ferramentas para a reparar, teríamos mais uma baixa, não fosse o caso de alguém se lembrar que ele poderia aproveitar a bicicleta do Oliveira e fazer nela o restante percurso, carregando-se na carrinha conduzida pelo Costa, a bicicleta avariada do Fernando.
Uma vez mais, o apoio do Costa que se deslocou de carro a Chaves, acompanhando o estado do Oliveira, transmitindo-nos informações do que se ia passando no hospital e ainda trazendo-o de novo ao nosso convívio após a alta hospitalar, foi deveras fundamental e só lhe podemos agradecer.
Ao chegarmos ao apeadeiro de Vilarinho das Paranheiras, é que todos nós lembramos do conselho dado na véspera pelo pastor e lhe demos razão. Não fosse ele e provavelmente teríamos feito este trecho do percurso, obstáculo incluído, já quase de noite e ainda com muito para rolar até Chaves.
Com a finalidade de chegarmos a Vidago a horas de fazermos o nosso almoço volante e de nos encontrarmos com a Ana Araújo e o Bruno, seguimos o nosso caminho pelo troço em terra já conhecido e, no meu caso, tendo a companhia de dois amigos BTTistas de Vidago que comigo trocaram experiências de outras pedaladas.
Comemos o nosso farnel junto a uma igreja de estilo românico, local calmo e com alguma sombra, que nos proporcionou um belo descanso para os cerca de quarenta e poucos quilómetros que ainda tínhamos pela frente.
Quem não se achou capaz de nos acompanhar foi o Tiago que desistiu alegando muito cansaço físico e algum psicológico em não conseguir chegar a Vila Real.
Disse-nos que iria deixar a bicicleta nos bombeiros de Vidago e acompanhar a Ana Araújo e o Bruno, viajando daí em diante de carro.
Nós os outros, agora apenas onze elementos, de barriga reconfortada, voltamos à nossa amiga Linha do Corgo, seguindo parte do percurso que não tínhamos feito na véspera, passando desta vez pela velhinha estação de Vidago, também ela numa triste degradação, pelo apeadeiro de Salus e também pelo de Oura.
Este último apeadeiro deveria ser o que tinha a mais antiga estrutura de abrigo aos passageiros, pois toda ela, ainda era construída apenas e tão só em madeira, já muito carcomida pelo tempo e pela bicharada.
Seguindo os conselhos dos bttistas de Vidago e, para não passarmos novamente pelo troço da cascalhada, um pouco mais à frente de Oura e após passarmos à nossa esquerda uma vacaria, voltamos à Nacional 103 e enfrentamos uma valente subida, com o sol a pique e a exigir muito e doseado esforço.
Uma vez mais o Sérgio fez esforço a dobrar (já o tinha feito no sábado por três vezes na subida para Vilela do Tâmega) ao levar a bicicleta da Magda pela mão enquanto pedalava e ela muito cansada fazia a subida a pé.
Já no cimo e perto de Sabroso de Aguiar, após um pequeno e merecido descanso, voltamos à ciclovia em asfalto e à longa recta até Pedras Salgadas, onde paramos para encher cantis, garrafas de água, enfim, repor os líquidos perdidos na subida.
Da ecovia entre Pedras Salgadas e Vila Pouca de Aguiar já está tudo dito na crónica de sábado, havendo apenas a referir que neste sentido sobe ligeiramente, mas nada que atrapalhe estes pedalistas, nem pernas já muito cansadas.
Fiz quase sempre a ecovia no grupo da frente, juntamente com a Elisabete, a Catarina e a Beatriz, mas ao chegar a Vila Pouca de Aguiar, passei para a frente e afastei-me até ao centro da vila. No caminho, ouvi alguém dizer mas não me lembro quem, que ao passarmos por algum local religioso, deveríamos pedir para que nada de mais grave nos acontecesse e assim o fiz.
Entrei só, numa pequena capelinha situada junto a uma rotunda com um chafariz e rezei um Pai Nosso e uma Avé-Maria, pelo João e pelo Oliveira e pedi ainda protecção para todos nós, para o restante percurso até Vila Real.
Quem ficou para trás, deliciou-se com uns geladinhos, já há muito desejados, numa confeitaria de Vila Pouca enquanto eu descansava num banco de jardim e me refrescava com água fresquinha, existente no chafariz da rotunda, já com a companhia do Fernando.
Com o grupo reunido e já com boas notícias, via SMS, do Oliveira, que apenas aguardava o resultado de algumas análises para ter alta hospitalar, seguimos com novo destino, desta vez em direcção a Tourencinho, onde o Costa deveria passar, para carregar a bicicleta do João, isto depois de sair de Chaves e de carregar nos bombeiros de Vidago, a bicicleta do Tiago.
No café onde tínhamos estado no dia anterior e onde estava guardada a bicicleta do João, lanchamos e decidimo-nos separar em dois grupos. Um ficaria à espera do Costa e do Oliveira, que entretanto já vinham a caminho e o outro, na qual me incluí, seguiria caminho em direcção a Vila Real.
Deixamos Tourencinho para trás e iniciamos a subida da ciclovia em asfalto, tarefa mais fácil do que se esperava pois na véspera, pareceu-nos bem mais inclinada, face à velocidade com que a descemos.
Já de novo na terra, eis de novo o Tiago na nossa companhia, cheio de vontade em cima de novo selim, a ultrapassarmo-nos na bicicleta do João. Já não tinha dores, nem no rabinho, nem nas perninhas e na cabeça, já só tinha vontade de ser o primeiríssimo.
Um pouco antes do apeadeiro de Fortunho, tivemos o reencontro com o Oliveira e com o Costa e de novo a companhia do segundo grupo, que para trás tinha ficado.
Faltavam agora, apenas alguns quilómetros para concluirmos a nossa aventura, seguindo o percurso já de todos nós conhecido, sem grande dificuldade e sem problemas de maior, chegar a Vila Real e ainda ter que subir, uma subida nada fácil, e cortarmos a meta, gloriosos dos nossos feitos.
Estávamos todos de parabéns, os mais experimentados e os menos experimentados, nestas andanças das pedaladas, os que pedalaram com boas máquinas e os que o fizeram noutras menos boas, os que fizeram todo o percurso ou apenas parte do mesmo, os que em prol do grupo mais se esforçaram e os que não negaram apoio, enfim todos nós, os que participamos nesta jornada.
Dedico esta crónica ao João Peixoto e ao António Oliveira, pelas razões sobejamente conhecidas de todos nós e, deixo ainda um especial agradecimento à Ana Araújo e ao Costa, por todo o apoio que nos deram, sem tão pouco terem o prazer da aventura, tal e qual nós o tivemos.
Pedido de esclarecimentos sobre a nossa aventura, por parte de um leitor do nosso blog.
Nome: João
Email: vilaca36@gmail.com
Comentário / Sugestão: Bom dia! Podiam mandar o track do percurso? qts kms fizeram e ficaram em chaves ou regressaram para trás?
Email que enviei:
Olá João
Em primeiro lugar obrigado pelo teu contacto e interesse em saberes pormenores da nossa aventura a Dar ao Ped@L, na antiga linha da CP – Linha do Corgo, entre Vila Real – Chaves e volta.
Nenhum de nós, gravou o percurso, mas todo ele é fácil de seguir sem grande enganos.
Há um ou outro local em que é preciso ter mais cuidados e atenção para não nos perdermos.
Nós ficamos acampados em casa de pessoas amigas em Chaves e só voltamos no dia seguinte.
Quanto a quilómetros, eu fiz perto de 140 nos dois dias, mas também andava para trás e para a frente a tirar fotos, pois o percurso em si, dever ter mais ou menos 65 km, para cada lado.
Se leres as crónicas no nosso Blog, vais certamente ficar com mais pormenores do percurso.
Obrigado Valdemar.
Tu és único, é por isto, que cada vez mais gosto da nossa amizade.
Obrigado Oliveira.
Pedido de esclarecimentos sobre a nossa aventura, por parte de um leitor do nosso blog.
Nome: João
Email: vilaca36@gmail.com
Comentário / Sugestão: Bom dia! Podiam mandar o track do percurso? qts kms fizeram e ficaram em chaves ou regressaram para trás?
Email que enviei:
Olá João
Em primeiro lugar obrigado pelo teu contacto e interesse em saberes pormenores da nossa aventura a Dar ao Ped@L, na antiga linha da CP – Linha do Corgo, entre Vila Real – Chaves e volta.
Nenhum de nós, gravou o percurso, mas todo ele é fácil de seguir sem grande enganos.
Há um ou outro local em que é preciso ter mais cuidados e atenção para não nos perdermos.
Nós ficamos acampados em casa de pessoas amigas em Chaves e só voltamos no dia seguinte.
Quanto a quilómetros, eu fiz perto de 140 nos dois dias, mas também andava para trás e para a frente a tirar fotos, pois o percurso em si, dever ter mais ou menos 65 km, para cada lado.
Se leres as crónicas no nosso Blog, vais certamente ficar com mais pormenores do percurso.
Vila Real – Chaves – https://daraopedal.wordpress.com/2012/04/14/btt-vila-real-chaves-pela-antiga-linha-do-corgo-cp/
Chaves – Vila Real – https://daraopedal.wordpress.com/2012/04/21/btt-chaves-vila-real-pela-antiga-linha-do-corgo-cp/
Um abraço,
Valdemar Freitas