O Sonho
FACTO:
Todas as marcas, modelos e acessórios de bicicletas e demais referências, citadas nesta crónica, são reais.
– “Olá, então o que o traz de novo por cá? Posso ajudá-lo?
Sim, ando a pensar mudar de bike, desta vez estou mesmo decidido a experimentar uma suspensão total.”
…
– “Em 2014, estive para comprar uma KTM, acho que tinha algo a ver com 1964, mas também já não sei ao certo se era de suspensão total. Sabe, acho que só a queria comprar, por ter a ver com o ano em que eu nasci.
Agora estou arrependido de não a ter comprado, mas também acho que não a comprei, porque me disseram que esse tipo de bicicletas, tem muita mais manutenção e despesa, e então…”
…
– “OK. Tenho aqui uma boa bicicleta para si, é o seu tamanho e tudo, tem à frente uma suspensão FOX, os travões são…”
– “Ali
Dissemos que era amor para a vida toda
Que era contigo a minha vida toda
Que era um amor para a vida toda.”
– “Bom dia, São sete e quarto e você está a ouvir as Manhãs da Comercial…”
– “Então, então, não acordas.”
– “Olha que hoje não é domingo, não tens pedaladas, tens de ir trabalhar.”
– “Caraças Celeste, logo agora que estava quase a fechar um negócio de uma bike nova, é que me acordas.”
Não, não é apenas em sonhos.
É isto quase todos os dias, desde que há uns anos, ando comprometido, com o exercício das pedaladas, deixando para trás ou esquecendo, outros motivos de lazer, que ao contrário, muito me prendiam em casa.
Agora, são horas e horas a falar do mesmo, em casa, no trabalho, com alguns colegas, amigos e familiares, que nada tem a ver com o mundo das bicicletas.
Puxa a vida, porquê massacrá-los com a discussão sobre quadros, suspensões, cassetes, cepos, cubos, raios, travões, mudanças, marcas como Specialized, Santa Cruz, Giant, Merida ou outras que tais e ainda trazer à baila preços de bicicletas, que custam quase tanto como automóveis, se é um assunto que não lhes diz nada e muitas vezes até os aborrece.
Mas há mais momentos e situações, em que as bicicletas não me saem da cabeça.
Não sei se já se passou convosco, mas comigo é uma situação que tem vindo a ser frequente e da qual, não me consigo desligar.
Quando viajo de carro ou comboio, dou comigo a olhar para estradões e trilhos e a dizer para mim próprio, …” que belo sítio para umas pedaladas, que espectacular descida, para fazer com os meus amigos, porque é que ninguém se lembrou de fazer aqui um evento.”.
Por todo o lado, onde quer que vá ou esteja, já não posso ver um ciclista pedalando ou uma bicicleta, seja na capa de um livro, numa t-shirt, num rótulo de uma garrafa de vinho, seja exposta como elemento decorativo de uma loja, que não corro logo a enquadrar o momento, no écran do meu smartphone e partilhar o instante, nas redes sociais Instagram e Facebook.
Mas digo-vos baixinho, para ninguém ouvir, esta última parte eu adoro e vocês sabem que sim.
Há tudo isto e muito mais.
Há noites mal dormidas por ansiedade de eventos, como os Caminhos de Santiago (por todos os eventos), esquecimento de tratar de pequenas coisas da minha vida privada e profissional, etc, apenas porque no meu pensamento, só estão bicicletas, reforços, passeios, rotas, maratonas, quilómetros, stravas e uma data de outras coisas, relacionadas com estas duas rodas e o BTT.
Isto é complicado e não é normal, pois não?
Agora queria dizer-vos, usando uma frase já muito batida, que “Há mais vida, para além das bicicletas.”, mas não consigo, ou melhor, talvez não o queira mesmo dizer, pois o que eu mais quero, é desfrutar ao máximo deste hobby super-mega-hiper viciante, onde ando enfiado, como se de uma boa dependência, se tratasse.
E sendo assim, meus caros amigos, vou continuar a sonhar e a viver, percorrendo trilhos, por montes, serras, planaltos e vales, desfrutando do ar livre, da natureza e do convívio de muitos sonhadores, que como eu, amam pedalar, beber, comer, fotografar, lá lá lá…
Concluindo, “temos que estar dispostos a abandonar a vida que tínhamos planeado, para podermos ter a vida…” que gostamos e queremos.
E eu, eu quero é pedalaaaaaaaaaaaaar.
Valdemar Freitas
Bem vindo ao club dos “viciados”!
Qualquer tentativa de desmame a partir de agora vai ser impossível. As bicicletas vão acompanhar-te para o resto da tua vida . A mim já me viciaram há mais de 55 anos e ainda hoje são sempre novidade para mim!
Cronica *****
Um abraço!😀
Obrigado amigo Jorge.
Também tens uma quota-parte de responsabilidade, no meu vício.
Continuação de… tudo de bom.
Um grande abraço, desde este cantinho à beira-mar (com muito frio).