4 a 8 de Setembro de 2013
Rumo a Santiago 2013
O prólogo
O prólogo do nosso Caminho foi longo, passou por muitos sóis e luas, teve muitos pisos e mudanças de direcção, mas, com muito esforço e querer, foi percorrendo léguas e vencendo obstáculos, até à madrugada em que terminou e a que deu lugar, ao início da verdadeira aventura e ao fim da angustiante ansiedade.
Ele foi toda a logística, definir datas possíveis e escolher os dias, saber em que terras ficar e tratar dos alojamentos, de arranjar patrocinadores e apoios, fosse monetariamente ou em equipamentos, arranjar transporte para nos levar a Chaves e trazer no regresso de Muxia até ao Porto, fazer chek-lists, planos de viagem, listas de dicas, de equipamentos e acessórios a levar, elaborar dorsais, cartaz e brindes, tudo isto como deve ser feito, com muito empenho e dedicação.
Todo este prólogo, foi bem preciso, pois de outra forma, não haveria espírito de grupo, não haveria união, enfim não haveria uma aventura, um caminho e, não pode haver dúvidas que, para haver umas boas etapas, um bom Caminho, é essencial um bom prólogo, um bom plano de viagem para o Caminho a realizar.
Ass: Valdemar Freitas
A primeira etapa – Chaves / Ourense
“Segue o teu destino…
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra de árvores alheias”
Fernando Pessoa
Removida a ansiedade e após algumas horas de descanso, porque na verdade ninguém em seu perfeito juízo conseguiu descansar, por volta das 5 horas da manhã, conforme previamente combinado, seguimos no mini-bus até Chaves, não sem antes acontecerem dois percalços, o primeiro veio através de sms, o nosso amigo e companheiro Emanuel Mascarenhas, por motivos de saúde à última hora não nos pode acompanhar, o segundo não tão grave, é verdade, mas não menos decepcionante, deixei cair a câmara de filmar no hall do meu prédio. Já seguíamos na A4 quando dei pela falta dela, roguei tantas pragas #$*+%&, mas pronto lá me mentalizei, pelo menos tive tempo de sobra para me concentrar apenas e só em pedalar.
A viagem até Chaves, o nosso ponto de partida, decorreu calmamente, chegados a Chaves, paramos numa praça onde existe um belo jardim / parque e muitos cafés com esplanadas, que claro está, estavam todos fechados e só dali a algum tempo abririam, descarregadas as bikes e mochilas, tratamos de montar as nossas bicicletas de modo a nos fazermos ao caminho, avizinhava-se um dia longo e duro, que viria a revelar-se especialmente difícil para mim.
Bicicletas montadas, mochilas às costas, andamos alguns metros até junto do rio Tâmega, para tirarmos as fotos de grupo da praxe, orgulhosos e vestidos a rigor, como é evidente, com o equipamento do nosso patrocinador de sempre nos Caminhos de Santiago – a Lampre – daqui endereço o nosso agradecimento em nome do grupo e de todos os participantes.
A nossa passagem onde quer que aconteça não passa despercebida, já que os equipamentos cor de rosa forte, evidenciam a nossa passagem em qualquer local, seja ele cidade, campo ou monte, somos avistados ao longe, as pessoas ficam curiosas e questionam-nos imensas vezes para saber se somos italianos.
Deslocamo-nos até ao local de partida para carimbar as credenciais de peregrino, este carimbo teve que ser na Igreja, porque o dono do café onde tomámos o pequeno almoço ainda não se deu conta do negócio que eventualmente está a perder por não ter um carimbo, pequeno almoço tomado e mais algumas fotos e arrancámos em direcção à nossa demanda´.
No local de onde saímos a pedalar, existe um marco que assinala o início do “Caminho Português Interior de Santiago”, para quem, como nós sai de Chaves, pois este caminho, segundo o seu próprio site, tem inicio em Viseu ( ver em http://www.cpisantiago.pt/o-caminho/ ).
Arrancámos, atravessámos uma feira, uma zona industrial, sempre seguindo a sinalética existente, as setas amarelas, algumas acompanhadas de vieiras.
Importa aqui dizer que a generalidade do percurso encontra-se muito bem marcado, ora pelas ditas setas amarelas, ora por marcos com vieiras ou outras estruturas do género, isto no meu entender, é claro, já que foi a primeira vez que fiz um Caminho de Santiago, não posso avaliar os outros, mas acho que este não está mal, é difícil alguém se perder, basta ir com um pouco de atenção, talvez a minha avaliação esteja sobrevalorizada, já que viajei sempre com os trajectos de GPS, que tinha sacado previamente.
Alguns quilómetros percorridos e parámos para assinalar a nossa entrada em território Espanhol, mais propriamente na Comunidade da Galiza. Aqui aconteceu um episódio engraçado, 3 senhoras que caminhavam e às quais pedimos para nos tirarem uma foto, e uma delas entendeu mal e colocou-se em pose para a fotografarmos, lol. Foi necessário explicar-lhe que queríamos era que fosse ela a fotografar-nos, as amigas dela também acharam piada.
Os quilómetros foram passando, sem sobressaltos, a viagem revelava-se por enquanto calma e pacifica, atravessámos algumas aldeias, e chegámos a Verin, aqui parámos para tomar um café e carimbar, mas uma vez mais o carimbo teve que ser obtido no Albergue / Posto de Turismo, que inicialmente julgávamos estar fechado, pois este café espanhol, também está fora do quão comercial são os ditos Caminhos de Santiago.
O nosso Caminho de Santiago foi continuando, num misto de caminhos rurais, estradas e monte, mas nada de agressivo, a viagem estava a correr lindamente, durante a manhã pelo menos, não encontrámos falta de água, nas aldeias e pelo caminho existia sempre onde abastecer.
Chegámos a Laza, estavam percorridos qualquer coisa como 40 kms aproximadamente.
Resolvemos parar para almoçar e abastecer as nossas energias que já bem precisávamos, quem levou sandes sentou-se numa sombra, eu o Jorge Bastos e o Domingos Queiróz, fomos ao Bar do Peregrino, comer uns bocadillos (sandes), grandes à brava, mas como a fome apertava, foi tudo, e caros amigos quando estiverem em Espanha, nomeadamente na Galiza, por favor falem Português, senão já sabem levam um correctivo, isto porque o Jorge pediu ao empregado uma cerveja Mahou, mas na linguagem Portanholeguês e o empregado disse-lhe, e passo a citar “Num percebi um c******” explicito, lol…
Bem almoçados, arrancámos para a parede que já sabíamos que nos esperava e que iria até Albergaria, e… meus amigos, aqui foi descalabro total, pelo menos para mim, mas todos nós nos ressentimos um pouco, da enorme subida pelo monte, quase sem sombras, com uma inclinação assinalável, a maior parte de nós fê-la a pé e com a bicicleta à mão, embora ciclável, era muito dura, mesmo, neste ponto tenho que ressalvar os 2 heróis do dia, foram eles, o Mário Dantas que fez jus à sua inesgotável resistência e subiu quase todos aqueles quilómetros em cima da “menina” dele e ao Domingos Queiróz, que com o seus honrosos 115 Kgs, conseguiu a proeza de chegar ao topo primeiro que eu e fez para aí 90% da subida a pé, não estou a exagerar foi mesmo assim, grande companheiro este homem, com uma força de vontade marcante.
Tive de facto muitas dificuldades para subir esta parede, aqui o factor psicológico, deu cabo de mim, o calor era imenso, tinha muito pouca água, e gerir 200 ml de água durante alguns quilómetros arrasou comigo, o Jorge com a sua boa vontade ofereceu-me água com aditivo para me dar força, mas como estava como caldo, tive que parar de imediato, senão virava o barco, como eu conheço bem o meu corpo, as paragens e a gestão do descanso foi a minha salvação, chegado ao topo tinha os meus companheiros, todos, à minha espera e segundo o Mário quase à uma hora, que seca, desculpem amigos, além da espera ainda me deram um empurrão numa demonstração de amizade e solidariedade, não é desculpável, mas a partir daqui felizmente nunca mais tive problemas e toda a viagem correu lindamente.
No topo uns metros à frente chegámos ao “Rincon del Peregrino”, um pequeno bar com a particularidade de ter as paredes e tectos, cobertos de vieiras e onde, também nós, assinalámos a nossa passagem com uma vieira com a inscrição do Dar ao Ped@L.
A partir daqui começou o martírio no nosso amigo e presidente António Oliveira, furos, mais furos e furos ao cubo, ele eram aos 4 em cada roda e ele a bombear, por acaso assinalo aqui a “mea culpa” ninguém se ofereceu para encher os pneus ao homem. Todos estes furos, deveram-se ao facto de terem andado a limpar os caminhos e deixarem o mato com aqueles picos que parecem agulhas depois de secos, mesmo quem tinha câmara de ar com gel furou, mas aguentaram-se, furaram também o Domingos Queiróz e o Sérgio Zulu. Os quilómetros sucediam-se, as aldeias, vilas e lugares desertos, alguns inóspitos, mas sempre belos, a noite aproximava-se, era hora de montar luzes para podermos circular em segurança, era já noite escura quando chegámos a Ourense, chegámos ao hotel estacionámos as bicicletas, tomámos banho e fomos alegremente jantar, que bem merecíamos.
Ass: Augusto Tomé
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Foto reportagem do primeiro dia aqui
A segunda etapa – Ourense / Silleda
“Meias verdades.
Meias vontades.
Meias saudades.
Viver pela metade é ilusão.
Tire suas meias. Ponha o pé no chão. “
Augusto Barros
O segundo dia começou bem cedo, eu e o meu companheiro de quarto – o Valdemar Freitas, tomamos o pequeno almoço, passado um pouco vieram os restantes companheiros, o Valdemar teve um ligeiro stress porque após bater na porta do quarto do Oliveira e do Domingos, ninguém falava, afinal os danadinhos estavam na cave a preparar as respectivas bikes e a colar furos, ainda restos do dia anterior, sem dizer nada a alguém!
Contas feitas, carimbos colocados, mochilas às costas, arrancámos em direcção ao nosso segundo dia de aventura e peregrinação.
Atravessámos a cidade de Ourense e aproveitámos para tirar algumas fotos de grupo, a manhã apresentava-se chuvosa, nada de grave, apenas uns pingos de chuva, mas a temperatura estava no ponto ideal para pedalar.
Atravessada a cidade, passámos por um pequeno túnel, e meus amigos, eis que se nos apresenta a primeira parede do dia, uma subida daquelas dignas de ser vista, esta é uma subida onde é costume fazerem concursos para ver quem aguenta a subida até ao cimo, o campeão é um artista, empregado de café, que faz a subida com uma mão e uma bandeja com copos na outra, vocês não imaginam como aquilo sobe, só mesmo vendo ou estando lá, todos nós subimos, uns de bicicleta e outros a pé, na liderança o Mário, eu segui-lhe as pisadas, o Jorge, o Valdemar, o Sérgio, o Oliveira e por fim o nosso amigo Domingos, que anda devagar, mas não vacila.
No topo da subida está colocado um abençoado fontanário, que embora expele a água com uma força bruta, serve perfeitamente para refrescar… tudo! E abastecer de água caso alguém precise.
Os quilómetros vão passando, não muitos ainda, e chegámos à Casa do César, uma figura característica ao estilo do dia anterior no Rincon del Peregrino, muito amável e a convidar-nos a entrar no seu “boteco” onde também acumula inúmeras recordações de peregrinos, uns conhecidos, outros nem tanto, também aqui o Dar ao Ped@l, deixou a sua marca no livro de honra, o César brindou-nos ainda com rabanadas, pão, café, vinho, fruta e algumas guloseimas para o caminho. Assinalável é o facto de as pessoas nestas pequenas aldeias, aguardarem a passagem dos peregrinos para animarem o seu dia e se possível ganharem algum dinheiro com isso, o César não cobra nada, mas tem uma “leiteira” pendurada e as pessoas dão o que entenderem ser justo pelo seu pequeno agrado (serviço), a sua simpatia e alegria, são claro está, grátis!
Também aqui tiramos algumas fotos em grupo com este simpático galego e sua bicicleta “Peugeot” já com uma idade considerável.
Seguimos caminho, os trilhos multiplicam-se por montes e vales, subimos e descemos, atravessamos pontes, antigas algumas, estradas caminhos por já passaram séculos de história, de quando em vez abrandámos para abastecer de água, comer alguma coisa para repor energias.
Os quilómetros foram-se acumulando e é chegada a hora de almoço, tínhamos uma sugestão do César para ir almoçar, mas teríamos que nos desviar do Caminho, optámos por não o fazer, porque ainda tínhamos muito para andar, este dia não tinha tantos quilómetros como o anterior, mas afigurava-se muito mais duro, pelo acumulado que oferecia, acabámos por almoçar numa floresta muito calma e bonita, onde tirámos umas fotos com as meias de compressão – CEP – que nos foram gentilmente oferecidas por mais um patrocinador – MEDI, foi também um dos excelentes momentos de diversão que tivemos durante esta aventura, ao posarmos para a foto dando destaque às nossas novas meias de compressão, e que jeito que deram amigos, a coisa funciona mesmo!
As subidas vão-se denunciando, não muito violentas, mas aos poucos vamos subindo, as descidas também são do nosso agrado, até que chegamos ao Mosteiro de Oseira, um edifício imponente, sem dúvida uma jóia da arquitectura, mas como o nosso tempo é curto, não visitámos o seu interior, aproveitámos para tirar fotos e tomar um café, já que, aqui mesmo apresenta-se uma das maiores dificuldades deste trajecto, uma subida e uma descida com as bicicletas à mão, não há como contornar isto.
Subimos, subimos, mais algumas fotos para a posteridade e continuámos a subir, as vistas enchem-nos a alma e o coração, as nossas meias são uma ajuda preciosa, ninguém se queixa de dores nos músculos, está tudo a correr bem. Pelo meio alguns de nós aproveitam para colher e comer amoras silvestres, a mim faz-me lembrar os meus tempos de criança.
Silleda que era o nosso destino nunca mais aparecia, depois da descida à mão no Concelho de Cea, provavelmente o concelho mais difícil de atravessar, pelo seu relevo radical, a determinada altura do nosso percurso estávamos a pedalar ao lado de uma via rápida, protegida por uma rede de resguardo, rede esta que estava repleta de pequenos crucifixos feitos pelas pessoas que ali passaram, é claro, que também nós, o Dar ao Ped@L, assinalou ali a sua passagem.
Como praticamente não tínhamos almoçado, o Jorge resolveu e bem, que deveríamos comer alguma coisa, já estávamos no final da tarde e ainda nos faltavam uns 10 kms até Silleda e que bem que soube aquele bocadillo, alguns companheiros não concordaram e seguiram viagem, foram eles, o Oliveira e o Domingos, que foram andando na frente, enquanto nós repusemos energias.
No meio disto tudo, os nosso dois amigos adiantados perderam-se e acabamos por chegar quase ao mesmo tempo que eles. Do local onde lanchámos até Silleda foi praticamente sempre a descer, por trilhos e florestas espectaculares, algumas estradas pelo meio também, ou seja, foi a adrenalina total. Chegámos a Silleda já quase noitinha, este foi o dia mais duro, com mais acumulado, mais subidas e bastantes descidas, curiosamente todos estavam aparentemente em bom estado físico.
Ass: Augusto Tomé
Estatísticas do segundo dia aqui
Foto reportagem do segundo dia aqui
A terceira etapa – Silleda / Santiago de Compostela / Negreira
“Pó, lama, sol e chuva
é o Caminho de Santiago.
Milhares de peregrinos
e mais de um milhar de anos.”
E.G.B.
Estamos no nosso terceiro dia de viagem, com 176 quilómetros percorridos e 3.489 metros de acumulado nas pernas, este dia reveste-se de especial misticismo e alguma ansiedade, hoje é o dia que chegaremos a Santiago de Compostela. Para mim (Augusto Tomé) é uma absoluta estreia, de bicicleta é claro, já visitei algumas vezes Santiago, mas nunca numa peregrinação, daí este dia, também para mim ser um dia especial, mas creio que todos nós, independentemente dos motivos que nos movem, consideramos a chegada a Santiago de Compostela um marco especial na nossa viagem / peregrinação.
Pequeno almoço tomado, bicicletas ligeiramente lavadas, mochilas às costas, contas feitas e carimbos colocados, iniciámos a nossa viagem com mais significado, espiritual para uns, objectiva para outros, mas todos com vontade de chegar.
Neste dia encontrámos a descida mais radical de todo o percurso, numa pequena estrada secundária alcatroada até à localidade de Ponte Ula, onde atingimos velocidades vertiginosas.
Não foi possível andar mais rápido porque existiam já muitos peregrinos a pé pelo Caminho, presença que até aqui quase não tínhamos notado. Na verdade nos dois primeiros dias de viagem andamos praticamente sós pelos imensos caminhos, já muito percorridos. Aqui e acolá encontramos alguns grupos de espanhóis também a fazerem “o seu caminho” de bicicleta, mas não encontramos nenhum português.
Os quilómetros vão-se acumulando nas pernas e nas bicicletas, Santiago está cada vez mais perto, o número de peregrinos é já assinalável, sente-se no ar a carga espiritual, todos trocam olhares e cumprimentos – “Bom caminho”, alguns quilómetros antes de Santiago, resolvemos parar num café à beira da estrada e almoçar uns bocadillos para assim chegarmos a Santiago e desfrutarmos o máximo que nos fosse possível, já que estávamos limitados no tempo disponível em Santiago, tínhamos ainda que percorrer cerca de 20 kms até ao nosso destino para pernoitarmos – Negreira.
Pelo caminho o Sérgio Zulu, com alguma atrapalhação e a paragem para vestir os impermeáveis, já que fomos recebidos pela chuva quase à chegada, descolou-se do grupo e quando o tempo começava a passar e não o encontrávamos, resolvemos ligar-lhe, o rapaz já estava na Praça do Obradoiro, em Santiago, melhor dizendo deu corda aos pedais. Nós continuamos no nosso ritmo habitual de pedalar, fotografar e usufruir de tudo o que nos é possível, ao máximo.
Um dos momentos com mais significado para nós, neste dia, foi a passagem no local onde aconteceu o acidente do TGV em Santiago, em Julho passado. O nosso caminho passava mesmo por cima da linha do comboio, a ponte está repleta de mensagens, ramos de flores e inúmeros objectos carregados de mensagens e de solidariedade. Acho que aqui todos nós tivemos um momento espiritual e/ou de respeito pela carga emocional do local onde estávamos. Também aqui o Dar ao Ped@L marcou a sua presença e assinalou a sua passagem em sinal de respeito pelas vítimas do acidente de comboio de Santiago de Compostela, deixando uma pequena lembrança, com o logótipo do grupo, no memorial às vitimas.
Arrancámos com o semblante algo carregado, acho que nenhum de nós imaginava passar neste local, de certo modo mexeu connosco, diz-nos pelo menos para reflectir um pouco sobre as nossas prioridades. Seguimos caminho e ao começar a descer uma rua de pedra irregular, olhámos em frente e já se avistavam as torres da Catedral de Santiago de Compostela. Estávamos quase lá, Santiago é já ali, percorremos as ruas da cidade e eis-nos na Praça do Obradoiro, abraçamos-nos uns aos outros, cumprimentámos-nos, felicitámos-nos, conseguimos, atingimos o primeiro dos nossos objectivos.
O local por si só incita à êxtase espiritual, a praça está repleta de peregrinos, o Valdemar comenta que não se recorda de ver tanta gente nas outras peregrinações, nomeadamente num dia de semana (6.ª feira). Tiramos as fotos de praxe e as fotos pedidas por alguns patrocinadores e dirigimos-nos depois à Oficina do Peregrino para nos colocarem o carimbo e facultarem a Compostela.
Cada um de nós já com a sua Compostela devidamente acondicionada, era hora de comprar alguns recuerdos para familiares e amigos e fazermo-nos ao caminho novamente, não sem antes voltarmos à Praça do Obradoiro e desfazermos uma pequena tarte de amêndoa típica de Santiago, que o Sérgio Zulu teve a amabilidade de comprar e dividir por todos, deve ter sido para nos compensar pelo adianto que nos deu.
Partimos de Santiago com destino a Negreira e surgiram logo algumas descidas fantásticas, mas como o que desce sobe, também não faltaram as subidas, paramos entretanto para abastecer, mais um bocadillo e fazemo-nos ao caminho novamente.
Mais umas quantas subidas e descidas, passamos por uma localidade muito bonita, chamada Pontemaceira, onde atravessamos uma ponte antiga de pedra, tiramos mais umas fotos e seguimos. Negreira era já ali ao virar da esquina. Este foi o dia até agora que chegamos mais cedo ao hotel, deu para descansar um pouco e jantar mais relaxadamente, comemos uma churrascada e que bem que nos soube para repor energias.
Em Negreira existia uma Feira do Românico, para nós portugueses era mais uma feira medieval. Após o jantar fomos dar um pequeno passeio pela feira e, quase ao terminar, uma das bancas no local era do Club Ciclista de Negreira.
Estes amigos muitos bem dispostos lá convenceram o Jorge Bastos, o Valdemar, o Sérgio Zulu e o Mário Dantas, acho eu, deste último não tenho a certeza, a beber umas bebidas preparadas por eles próprios, daquele tipo de bebidas que dão energia, vocês sabem do que eu estou a falar, só para vos elucidar uma das bebidas era vinho tinto, coca-cola e gelo, e ao que parece a coisa funcionava. E assim terminámos a nossa noite mais relaxados, fomos descansar que no dia seguinte tínhamos mais um desafio pela frente.
Ass: Augusto Tomé
Estatísticas do terceiro dia aqui
Foto reportagem do terceiro dia aqui
A quarta etapa – Negreira / Fisterra
“Será que cheguei ao fim de todos os caminhos
E só resta a possibilidade de permanecer?
Será a Verdade apenas um incentivo à caminhada
Ou será ela a própria caminhada?
Terão mentido os que surgiram da treva e gritaram – Espírito!
E gritaram – Coragem!”
Vinicius de Moraes
Como habitualmente, acordámos cedo tomámos o pequeno almoço, contas feitas e um pequeno desacerto com a senhora da recepção, uma pessoa não muito simpática é o mínimo que se pode dizer, foi a primeira que encontrámos, algumas pessoas permanecem indiferentes, mas a generalidade é simpática, esta não! Não perdoou a reserva para oito pessoas e teve que se pagar.
Depois de alguns pequenos reparos em algumas bicicletas, partimos de Negreira em direcção ao que seria o nosso próximo objectivo – Finisterra – em galego, Fisterra, tínhamos pela frente aproximadamente 100 kms, 70 até Fisterra mais 30 até Muxia, local onde contávamos pernoitar.
O Sol neste dia tinha uma luz particularmente bonita, talvez por estarmos mais perto do oceano, de manhãzinha os fotógrafos de serviço tiraram algumas belíssimas fotos. Este foi o dia em que encontrámos o maior numero de peregrinos, a quantidade de gente que faz o caminho até Fisterra é impressionante, encontrámos peregrinos a pé e de bicicleta ao longo de todo o trajecto até Fisterra.
Este trajecto a par, com algumas “autoestradas” que tínhamos feito nos dias anteriores, foi talvez o melhor dos dias para pedalar, andamos muito, bem e depressa, eram autênticas auto-estradas de terra batida, descidas alucinantes e subidas, ah, as subidas que tanto fizeram o Domingos sofrer, a maioria eram cicláveis na sua quase totalidade, o nosso companheiro resistente percorreu-as quase todas a pé, custou mas não vacilou, grande homem.
Pelo meio do percurso, até deu para haver uns picanços com uns betetistas espanhóis, nas descidas mais agrestes com pedra solta e afins, daquelas próprias para partir a cabeça, alguns de nós fizemos aquilo em cima das nossas bikes, um dos espanhóis teve azar, coitado, esbardalhou-se mesmo à frente do nosso amigo Valdemar e à minha frente, o Valdemar pensou melhor e resolveu fazer a coisa a pé, não fosse o Diabo tecê-las, é assim mesmo, o espírito do Dar ao Ped@l, na dúvida, desmonta-se.
Um pouco antes da atingirmos a divisão para Fisterra e Muxia, paramos num bar muito simpático, onde comemos uma sopa divinal, um caldo galego, todos ficámos com o estômago e alma mais aconchegados com aquela sopa.
Seguimos viagem, as auto-estradas em terra batida continuavam, já se avistava o mar há algum tempo. Chegamos a Cee e foi aqui que o Jorge Bastos quase que lhe dava uma coisinha mais forte “Mas porque é que não vamos ao banho?”. O mar de facto convidava, era de um azul claro, brilhante, apetecia mesmo entrar por aquela água dentro, ele é que estava certo, mas ninguém alinhou. Aqui foi o dia e o local onde o grupo mais se desintegrou, talvez fruto do cansaço ou a ânsia de chegar ao destino.
Eu, o Jorge, o Mário e o Domingos parámos para beber alguma coisa fresca num parque de campismo e aproveitámos e demos uma lavadela às nossas bicicletas, que estavam com as transmissões cheias de pó, das auto-estradas claro, seguimos e passado um pouco estávamos em Finisterra / Fisterra. O Valdemar e o Oliveira aguardavam-nos, mais o Sérgio Zulu, já com as suas Fisterradas na mão e à nossa espera para nos levarem até ao Albergue Municipal, para também nós levantarmos a Fisterrada, ou seja o certificado que atesta que completamos o caminho de Santiago até Finisterra.
De seguida, pedalamos até ao farol, todos diziam que era duro, o facto é que ninguém se queixou e fizemos os 3,5 kms a subir sem qualquer dificuldade, talvez por termos o vento pelas costas. Atingimos o quilómetro zero, um marco para toda a gente que faz o Caminho Pagão até Finisterra, convém repetir que este foi o caminho onde encontrámos mais gente, muita gente mesmo.
O farol embora retenha o seu misticismo, local onde terminam os Caminhos de Santiago, onde há a tradição de os peregrinos queimarem uma peça de roupa ou calçado que usaram, a mim, desagradou-me um pouco, estava sujo e com muita gente, demasiada, mas o local é enigmático, disso não há dúvida, ali para onde quer que olhe só se vê mar.
No regresso do farol a Fisterra, surgiu a dúvida existencial de todo o percurso que tínhamos feito até aqui, ainda teríamos 3 a 5 horas de caminho pela frente e estava a anoitecer. Aguentaríamos mais esse tempo todo a pedalar, esses quilómetros finais, de noite?
O Sérgio Zulu em boa hora sugeriu pernoitarmos em Finisterra. Bem meus amigos, foi a melhor sugestão do percurso, se tivéssemos seguido caminho, eventualmente teríamos terminado mas teria sido muito perto da meia noite. Foi muito melhor assim, ainda estivemos para ficar num albergue privado, mas mesmo ao lado, arranjámos um pequeno hotel com lugar para todos e garagem para as bicicletas, um hostal muito acolhedor e de gerência familiar.
Guardámos as bicicletas, tomámos banho e fomos jantar que bem merecíamos.
Ass: Augusto Tomé
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Foto reportagem do quarto dia aqui
A etapa extra – Fisterra a Muxia
“Livre como um pássaro
vai o meu pensamento,
cortando o tempo
por terra, céu e mar.
desliza pelo chão,
corre contra o tempo,
galopa sem parar
sobre as ondas do mar.”
Ricardo Ohara
Uma pequena reflexão, antes do relato desta etapa. Ainda bem que não a fizemos de noite, pois apesar de termos boas luzes, não veríamos com toda a certeza, as paisagens que vimos de dia, nem desfrutaríamos os trilhos da forma que acabamos por desfrutar, sobretudo as descidas, mormente a descida espectacular até perto do mar, já na cercania de Muxia.
Continuando a crónica, digo-vos que para “esfolar” esta etapa extra, tínhamos resolvido levantarmo-nos cedo e sair logo que possível e assim o fizemos. Pequenos-almoços tomados e contas feitas, despedimos-nos de Fisterra e fizemos-nos à estrada e ao nosso Caminho, seguindo os marcos que aqui, alguns, tem a particularidade de terem a vieira virada para baixo, o que segundo o Sérgio nos explicou, são marcos que assinalam tanto o caminho Fisterra-Muxia como o inverso, pois há peregrinos que optam por primeiro irem a Muxia e deixar Fisterra para depois.
Em todo o caminho, que é comum às duas variantes, vimos também, para além dos marcos com as vieiras, a indicação de setas amarelas com a letra M, de Muxia e F de Fisterra, entre outras indicações para ambos os destinos e peregrinos a pé, nas duas direcções.
Mal saímos de Fisterra, começamos a subir em estrada, até uma zona residencial com bonitas vistas para o mar e entramos de seguida numa parte mais rural, entre muitos campos de milho e pequenos lugarejos, com muitos espigueiros, de todo o género. Uma coisa que me satisfez, foi ver em todo o caminho, que na Galicia ainda há muito quem cuide dos seus campos e os mantenha activos, especialmente com milho. Passamos muitas vezes por grandes milheirais, entre-cortados ora por estradas de terra, ora por estradas de asfalto, o que diga-se de passagem, deram belas fotos à malta.
Depois de passarmos a zona mais rural, abandonamos o vale e começamos a subir, em terra, já numa zona de pinhal e eucaliptal e daí em diante tivemos muita terra, alguma pedra, caminhos diversos, uns a exigir mais esforço, outros para dar “gás”, como disse o Domingos, na descida em que voltamos a ver o mar, depois de termos abandonado Fisterra.
Mas, essa vista foi de pouca dura, o mar desapareceu e voltamos ao asfalto e de novo à terra, de inicio em estradão, onde nos cruzamos com muitos peregrinos estrangeiros e, depois a um trilho muito bonito, ladeado em grande parte por muros em pedra e debaixo de muita vegetação.
Foi daqui em diante, que os primeiros percalços do dia aconteceram. Como não podia deixar de ser, o Oliveira voltou a furar e teve a companhia do Sérgio Zulu, nessa desdita. Depois de resolvidos os problemas e de volta ao caminho, foi a vez de quem ia à frente, a abrir caminho, se perder, neste caso o Valdemar, o Domingos e o Mário, que andaram a corta-mato por entre milheirais e bouças, até descobrirem uma estrada que os levou a atravessarem uma ponte, sobre um pequeno rio e os trouxe de novo ao caminho, mas não ao nosso encontro.
Como nós (Oliveira, Augusto, Jorge e Sérgio), pensávamos que eles estavam para a frente, fomos pedalando no seu encalço mas cada vez mais nos afastamos deles até que recebemos um telefonema, dizendo o que tinha acontecido e a pedir que esperassem por nós.
Tudo isto, aconteceu na zona de Lires, onde pelos vistos há o único local com café (Casa Raul) e onde se tentou obter um carimbo, mas não foi possível, pois parece-me que a população estava toda para a missa.
De novo com o grupo refeito, ou quase, pois o Sérgio já tinha abalado em direcção a Muxia, pensando ele, que os perdidos só podiam estar para a frente, só voltando literalmente ao nosso “seio”, aquando da foto de grupo que tiramos à entrada de Muxia, tendo por fundo uma belíssima baía e a sua praia.
Agora a seis, lá fomos subindo de Lires até Facho de Lourido, quase sempre em asfalto, com pouca terra, passando por uma ou outra localidade, até um cruzamento onde resolvemos parar para retemperar energias e depois enfrentar uma subida em terra que nos pareceu difícil mas que nos levou a um planalto muito bonito e ainda com aqueles arbustos coloridos, em tons de amarelo e roxo, em tudo idênticos aos que tínhamos visto, na serra da Freita, aquando do nosso memorável passeio.
Se a paisagem era linda, melhor ainda ficou com a presença de duas bonitas peregrinas que nos deram a boa nova, de que o pior já tinha passado, que de ora em diante só tínhamos que descer.
E que bela descida, meus amigos, um nunca acabar de descida, em curva e contra-curva, uma enorme descida em terra e depois em estrada, a “praia” do Jorge e outros que tais, que nos levou até à praia onde nos esperava o Sérgio, fazia já muito tempo.
Faltava cumprir muito pouco, obter a Muxiada no albergue local, ir ao Santuário da Nuestra Señora de La Barca e passar, como é tradição por debaixo de um rochedo, para depois tomar um banho, almoçarmos, darmos uma volta por Muxia até que o autocarro chegasse, para o nosso regresso a casa.
Mas, não há bela sem senão. O albergue estava fechado, era hora do almoço, o que significava nada de Muxiada nem de banho. Tivemos que optar entre ir ao santuário já citado e cumprir as tradições ou, irmos almoçar, e foi esta última hipótese que venceu e que adiou, para depois do repasto, a outra opção.
Após dicas e mais dicas, lá seguimos a indicação de um português que vive em Muxia e fomos almoçar a um restaurante um pouco afastado da localidade, degustando uns bons pratos de polvo, confeccionado de várias formas, entre outras delicias, como os mexilhões, muito ao gosto do Jorge Bastos.
O Sérgio, que tinha optado por almoçar noutro restaurante onde serviam o menu de peregrino, despachou-se mais cedo e já com a Muxiada na mão, apareceu-nos já com a muda de roupa e preparado para o regresso. Indicou-nos o local onde tinha obtido a Muxiada, o posto de turismo do Ayuntamento Local e, onde batemos com o nariz na porta, pois também estava encerrado para almoço e só voltava a abrir às quatro da tarde, hora a que o nosso autocarro, deveria estar já de abalada, rumo ao Porto.
Com mais este constrangimento, só havia uma coisa a fazer, irmos finalmente ao Santuário de Nuestra Señora de La Barca e voltarmos ao posto de turismo, mais tarde.
Já no santuário, conhecemos o local, cumprimos a tradição, tiramos algumas fotos e a foto de grupo, subimos a um belo miradouro, com uma vista de 360º de toda a bela Muxia, quase toda rodeada pelo mar e, satisfeitos por tanta beleza, abalamos em busca da ansiosa Muxiada, sem a qual, esta etapa não ficaria completa, nem o objectivo conquistado.
Como quem espera, sempre alcança, nós esperamos e alcançamos e, já com os certificados na mão, fomos em busca do autocarro que já nos aguardava, para voltarmos ao mesmo trabalho da partida, desmontar, colocar nos sacos e carregar as bicicletas, para regressarmos sem mais demoras a Portugal, às nossas casas e para junto dos nossos familiares.
Ass.: Valdemar Freitas
Estatísticas do quinto dia aqui
Foto reportagem do quinto dia aqui
O epílogo a duas mãos
Em jeito de conclusão pela minha parte, apenas me resta deixar-vos algumas considerações e agradecimentos, como já disse anteriormente, esta foi a minha primeira peregrinação a Santiago, tendo conseguido juntar o útil ao agradável, andar de bicicleta e conhecer terras e gentes fantásticas, uma experiência a repetir sem qualquer margem de dúvida.
Este camiño teve algumas particularidades que me ressaltam à memória, talvez não sejam as melhores, mas são os sons e os aromas que me recordam os caminhos ao rever as fotos, ao longo de todo o trajecto, e quando digo todo, é literalmente mesmo todo, tivemos a companhia de enormes bandos de corvos e vacarias, ou seja nunca esteve em dúvida que algum de nós se perdesse, bastava para tanto seguir o rasto e o cheiro da bosta dos animais ou olhar para o lado e seguir os corvos. 🙂
Brincadeiras à parte, não posso deixar de agradecer, aqui, publicamente, a todos os meus companheiros nesta aventura, sem eles tenho a certeza absoluta que não seria a mesma coisa, nem teria, para mim, o mesmo valor. Ao António Oliveira pela sua boa disposição, ao Domingos Queiróz pela sua força de vontade, ao Jorge Bastos pela sua voluntariedade, ao Mário Dantas pela sua experiência, ao Sérgio Zulu pelo seu conhecimento e ao meu companheiro de quarto Valdemar Freitas pelo seu empenho, sem o qual esta aventura nunca correria de tal forma.
Ass: Augusto Tomé
Para mim, o primeiro Caminho (caminho Central) será sempre inesquecível, pois foi a minha primeira grande aventura de vida, foi aquele em que cinco de nós nos estreamos, sem saber verdadeiramente ao que íamos, mal preparados, quer fisicamente quer em equipamentos e que nos custou imenso a concluir.
Mas, tanto o Central, como o da Costa como este que agora vos relatamos, tem as suas espectaculariedades e dificuldades sendo que, dos três, este Caminho que incluiu o epílogo a Fisterra e Muxia, foi sem dúvida o mais duro de se fazer, pois teve as dificuldades mais adversas em termos de altimetria acumulada e a maior extensão de subidas e descidas, que só se fizeram com a bike pela mão e às costas.
E, o tempo até ajudou, pois se tivemos muito calor no primeiro dia, não apanhamos muita chuva, o que a acontecer, certamente tornaria as etapas mais “longas” e a entrar ainda mais pelas noites adentro.
Em todos os eventos feitos em grupo, há sempre coisas a corrigir, isto porque os elementos que compõem um grupo, não são todos iguais e mau era se assim fosse. Uns são impulsivos, outros são calmos, há os teimosos e os nervosos e por aí adiante, num nunca acabar de virtudes e defeitos mas, quando a tudo isso se sobrepõe a amizade, tudo se resolve a bem do grupo.
Bem isto ao caso, para lembrar algumas coisas que podem e devem ser evitadas em próximos eventos. Uma das situações a corrigir é a de um ou mais elementos se perderem e se separarem do grupo. Uma das “regras” que quase sempre se acaba por esquecer é a de que, quem vai à frente, sózinho ou acompanhado mas separado dos restantes elementos, na dúvida de qual o caminho a seguir ou em cruzamentos que possam suscitar dúvidas, a quem vem atrás, esperar pelo restante grupo ou manter pelo menos um elemento nesse cruzamento. Se assim fosse, evitaria-se algum tempo perdido.
Uma outra situação a rever num próximo Caminho (fala-se no Françês), é certamente o do peso das mochilas que levamos às costas, consequência de algum exagero de equipamentos que se leva sempre a mais, sejam eles supérfluos ou não. Este ano, todos se queixaram e acho que todos concordaram, que se levou t-shirt’s a mais, ou seja, roupa para as horas de descanso e oferecida por alguns patrocinadores. No futuro, este é um ponto a rever e, quem sabe, optar por outro tipo de patrocinios ($$$).
Mas, houve concerteza em todas as nossas mochilas, quem também levasse algo que não precisou e que pesava, mas que nunca se sabe se algum vez fará falta, porque não é fácil fazer um lista o mais diminuta possível e depois não incluir o que, provavelmente irá ser necessário, pois “quando não é provável que algo aconteça, o improvável acontece”.
Ass: Valdemar Freitas
Agradecimentos
O grupo Dar ao Ped@L, agradece com muita estima, o apoio dos seguintes patrocinadores, para mais este nosso Caminho:
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Meus caros amigos.
Muito mais se passou e viveu, intensamente, neste nosso Caminho mas, para nós que o fizemos, não é fácil vos transmitir as alegrias, pensamentos, sentimentos e tudo mais, pois as experiências de vida em eventos deste tipo, parece que só se reflectem em nós, passados muitos dias e aí, com muita saudade, é que nos vem à memória os belos dias que passamos em grupo, nos Caminhos de Santiago.
Mesmo assim, aqui vos deixamos o relato do nosso Rumo a Santiago 2013.
Desfrutem-no.
Que “belos Rapazes”…
Já agora aos nossos amigos leitores, caso tenham alguma questão ou sugestão que pretendam saber ou deixar, não se façam rogados, escrevam nós procuraremos ir ao vosso encontro, caso nos seja possível.
Abraços betetistas.
Excelente, parabéns.
Fico muito grato aos mentores desta crónica, relata aqui a nossa grande aventura, espero eu!!!!! que este Blog não acabe, pois assim tenho uma ferramenta muita valiosa que irei apresentar aos meus netos!..
Saliento que é uma mais valia, uma forma de apresentação do nosso GRANDIOSO grupo.
Obrigado a todos os elementos do Dar ao Ped@l..
Adoro-vos
.Agradeço aos relatores desta crónica, Augusto Tomé e Valdemar Freitas, pela coragem que tiveram em descrever estes momentos inesquecíveis, com bastante pormenor. Revejo estes 5 dias, com saudade. Mais um registo para a posterioridade e que irei guardar no meu baú de memórias. Só quem já fez os caminhos de Santiago, conhece a beleza destes percursos e cada caminho que percorrermos tem um significado especial para cada de nós. A chegada á Catedral de Santiago é um momento único e que enche o espírito de cada peregrino. Parabéns e obrigado a todos os companheiros que comigo partilharam esta aventura
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