A minha crónica e outras histórias
Bruuuuuuuum!
Logo a seguir outro trovão
Bruuuuuuuum!
– Tens mesmo a certeza que queres ir?
– Tenho…
– Estás a ver a tempestade que está lá fora?
Como de propósito, a resposta foi dada com o buzzer da cabeceira.
Os led’s amarelados desenham 5:50 A.M.
– Não vás…vais apanhar uma molhadela…
– Agora vou…Tenho tudo pronto.
Pernas fora da cama e Upa! Há que erguer. A causa vale.
Pelo meio das colheradas de Kelloggs, “Pim”, “Pim”, Pim” guincha o Messenger
Rio-me com a tirada do capitão Tomé: “Não somos ratos…”
Subliminarmente ordena às tropas que se perfilarem.
Em frente às vidraças, vejo o terraço mais uma vez a ser iluminado num flash pelo clarão de mais um relâmpago.
A cadelita pudenga, atónita, alterna o olhar para mim e para a chuva a cair na relva e inclina a cabeça num misto de reprovação e diagnóstico rápido de insanidade ao madrugador.
Último golo no sumo, beijo na minha senhora que entretanto já adormeceu e ala que se faz tarde para a garagem.
Já na AE, o Sol finalmente rasga o manto cinza das nuvens e acerta-me em cheio na cara.
Sorrio, respiro fundo e sou mais uma vez avassalado de felicidade por saber que daqui a pouco estou no monte com os meus amigos.
Crónica!
Fui desafiado para fazer uma crónica sobre o Dar Ao Ped@L
Com pouco mais do que um ano de convivência com esta boa malta, que tenho para escrever?
Bem,seja!
Há falta de mais, compenso com a minha pequena história
Desde pirralho, as rodas sempre me acompanharam.
Depois a duas na verdinha Órbita com campainha e dínamo da roda da frente para as luzes.
e depois outra chopper Órbita Crosse cor laranja de roda 16 na frente e 20 atrás, equipada com cubo de mudanças de 3 velocidades, accionadas pelo selector no quadro. Ganda pinta!
Um belo dia num salto no monte numa rampa improvisada com uma tábua assente nas raízes de uma árvore, a aterragem foi mais violenta.
Com uma sorte bestial saí a correr pelo monte abaixo, deixando para trás a desgraçada com o quadro partido em 3.
Directo do monte para o ferreiro, duas casas abaixo da minha, com meia dúzia de soldaduras ficou com uma pintura fantástica, laranja com retoques de preto nas soldaduras.
Assim tipo O’Neal, mas mais foleiro…
Mas a bicha estava já com o karma traçado.
Meses depois, uma marcha-atrás de uma carrinha, encarregou-se de a desfazer mais um pouco.
Com a indemnização do seguro do distraído, comprei a minha 1ª bicla “de corrida”
(trad. “de estrada”)
Passei a fazer percursos cada vez maiores, cada vez mais longe e durante anos era na estrada que andava.
Entretanto com a entrada na faculdade e como estava longe de casa, só ocasionalmente pegava na Esmaltina e o desporto passou a ser outro: a natação,
O retomar da bicla só surgiu anos depois, mas como costumava dizer aos amigos do grupo, comecei a ficar farto de levar espelhadas no cotovelo esquerdo e passei a escolher estradas com muito pouco movimento e até caminhos florestais.
Como será bom de ver, foi uma questão de pouco tempo até comprar a minha primeira semi-rígida “ de monte”
Fui mudando de montada, sempre em upgrade, mas definitivamente o monte, digamos, passou a ser a minha praia.
A chegada ao Dar Ao Ped@l aconteceu casualmente num dia em que conheci os nossos Valdemar Freitas e Mário Dantas num Epic em Penafiel.
Simpaticamente convidaram-me para “aparecer” e eu lá apareci num Domingo na famosa Peixaria onde conheci o Domingos, o Jorge Bastos, Rui Teixeira e o António Oliveira.
Seguiram-se os Nocturnos à Quarta e os Domingueiros sempre diferentes onde pouco a pouco fui conhecendo cada vez mais amigos desta família: Augusto Tomé, António Oliveira, José Pires, Armando, Carlos Cunha, Rui Teixeira e Pedro (Rezingão e Rezongão) respectivamente), Sérgio Caban, Zé Paula, Mascarenhas, Hugo Rocha, Martinho, Nuno Almeida, Henrique, Hugo Alves, César, Nelson, Eduardo Batista, Luís Doro e mais uns que me desculpem não referir por esquecimento.
Assisti à oficialização do “Lauto Reforço”, até então mitigado num parco “cafezinho…”
1ª visita ao Mineiro, em que o gelado Rei e Senhor Regador acalma as gargantas sequiosas dos bravos guerreiros-pedaleiros.
Seguiu-se a minha estreia no Passeio Dar Ao Ped@l.
Montalegre, Junho 2018
Novo passeio D@P
Sistelo, Arcos de Valdevez, Out 2018
Jantar de Natal, onde o grande Valdemar Freitas, me honrou com o símbolo
do DarAo Ped@l, abrindo-me a porta para este grupo.
A crónica já vai longa, mais focada no meu próprio percurso até chegar ao DarAoPed@l, mas convenhamos que tenho pouco mais de um ano de convivência com vocês e por isso pouco tema de conversa.
Inevitavelmente, nestas últimas palavras caíria no “dejá vu” literário, com as palavras mais que batidas sobre amizade, companheirismo, lealdade e outras.
Poupo-vos e não me vou alongar.
Só vos quero dizer que por vossa causa, neste curto espaço de tempo, reencontrei sentimentos de criança que julgava irrepetíveis.
Sim, é verdade.
Por isso, agradeço-vos:
– Levantar-me com as galinhas (esposa “dixit”)
– Ansiedade pela chegada das manhãs de Domingo e noites de Quarta
– Aprendizagem de mecanismos de aquecimento nas manhãs geladas (com dieta forçada de arroz)
– Lições de navegação em águas profundas (até 10cm), normalmente barrentas.
– Aperfeiçoar da técnica do esbardalhanço (o mais vistoso em plena Rua da Constituição)
– Nódoas negras inerentes ao curso anterior
– Conhecer quelhos inimagináveis, alguns ao pé da porta.
– Chegar a cumes com o coração a mil, mas cheio…com tanta beleza a perder de vista
– Trocar os kilómetros e as médias por paragens à conversa
– Encher-me de lama até aos ossos.
– Pelas gargalhadas
– Pelos abraços sentidos
– Pelos reforços
– Servirem-me de desculpa para as faltas de apetite nos almoços de Domingo
– outras que não me lembro
Abraço, sempre Até já!
Filipe Lobo
#crónica
#degrau14
#filipelobo
Muitos parabéns amigo Filipe, pela tua bonita crónica e contributo.
Um grande abraço.
Top.
É sempre bom conhecer as histórias do início 😊
Parabéns Filipe pelo teu contributo… uma história bonita.