05 de Agosto de 2012
Vem daí, atravessa o rio…
O mote foi dado com a escolha do percurso.
Ir até ao areinho de Avintes implicava ter que atravessar o Douro, rumarmos a Sul e pedalar desta vez pelo concelho de Gaia, para satisfação dos elementos que partem do Porto ou de Gondomar e dessa forma, fazerem menos quilómetros, do que quando pedalam para Norte.
Se eu fosse o Carlos Tê, teria pedido aos meus amigos, em jeito de letra de canção, “vem daí, atravessa o rio, sobe até à serra do Pilar, percorre a República e vai até ao areínho de Avintes a pedalar…” .
Mas não sou o excelente letrista nem para tal caminho. Sou apenas sim, um simples pedalista que às vezes quer ser um bom cronista, haja inspiração para isso e tempo para redigir as crónicas das nossas pedaladas.
Como o habitual idealizador dos percursos a realizar aos domingos, estava a banhos, lá para os Algarves, sugeri que fizéssemos este percurso, que incluiria o atravessamento do Douro, pelo tabuleiro superior da ponte Luiz I, a subida até ao bonito miradouro com vistas para a Cidade Invicta, junto ao Mosteiro da Serra do Pilar, subir a avenida da República até ao cruzamento com a EN222, percorrer esta até à rotunda que permite a ligação ao centro de Avintes, descer depois em direcção ao rio e ao areinho de Avintes, subir até perto da junta de freguesia de Oliveira do Douro e depois voltar a descer até ao rio, para um trilho já nosso conhecido que nos levaria até ao areinho junto à ponte do Freixo e daí, procurarmos um caminho que nos levasse até ao tabuleiro inferior da ponte Luiz I, se possível, sempre junto ao rio.
Preparei o percurso, estudei-o no Google Maps e depois com algumas ferramentas SIG, desenhei o traçado, medindo as etapas e imprimindo os mapas que nos guiariam, nos locais que desconheciamos, dentro da freguesia de Avintes e depois publiquei o mapa, aqui no blogue e no mural do grupo, no Facebook.

Depois foi só esperar por Domingo e desejar que este fosse mais um excelente Dar ao Ped@L, a exemplo de muitos outros que temos vivenciado.
À hora marcada, nos locais de encontro combinados, fomos nos juntando até sairmos da praça do Marquês, no Porto, já com o bonito número de dezasseis elementos, que diga-se de verdade, em tempo de férias, no primeiro fim-de-semana de Agosto, era anormal e a todos gerou admiração.

Do Marquês à Batalha, foi um ver se te avias, era vê-los em grande speed e cheios de vontade até que nos juntamos de novo, às portas do Teatro Nacional de S.João para seguirmos depois, por proposta minha, pela Rua da Porta do Sol até uma de três escadas, que teríamos que “descer” e depois seguir pela labiríntica e estreita Travessa da Rua Chã, ruela de outros adjectivos nada abonatórios, como o mau cheiro, que tem uma passagem sob prédios e que liga a Rua Saraiva de Carvalho à Rua Chã, ruelas do velho burgo e com muitos e muitos anos de história.

Audazes para vencer os degraus das escadas, que optamos por descer, montados nas suas meninas, só os meninos Jorge Bastos e Sérgio Caban nos brindaram com tal feito, tendo todos os restantes achado melhor que não valia a pena estar a estragar a manhã com quedas desnecessárias, até porque, momentos antes, já o Mário se tinha atirado para os paralelos, na confusão que se gerou, quando a malta parou, ao chegarmos às escadas.

Seguiu-se viagem, com o Frederico a lembrar-nos que as alturas lhe provocam vertigens e que passar a ponte Luiz I e depois subir ao Mosteiro da Serra do Pilar, seria com todo o respeito, para ele pelo menos, um grande orgulho e um belo feito.

Fomos todos lá acima, apreciamos as belas vistas para o Douro e para todo o casario tripeiro, que se vislumbra da Ribeira até ponte da Arrábida e tiramos as primeiras fotos de grupo, fotos estas, que registam passagens por locais por onde nunca tínhamos pedalado e que posteriormente vão para a galeria do nosso blogue.

2012-08-05 – Miradouro do Mosteiro da Serra do Pilar – V.N.Gaia
Até aqui, a coisa ainda dava para a brincadeira, havia por enquanto pouca quilometragem e, tirando a subida ao mosteiro, nada de dificuldades que afligissem os que em menos forma se encontravam.

De ora em diante, subir a avenida da República até à EN222, mesmo com paragem a meio para o Tiago encher os pneus e os restantes encherem as vistinhas, com a visão de uma bela bike, é que as coisas se começaram a complicar e o grupo foi ficando aos grupinhos, os da frente mais rápidos e em melhor forma, os do meio no seu ritmo e atrás, os mais lentos e a precisarem de mais, das nossas domingueiras pedaladas.

Juntamo-nos novamente, logo após a rotunda que tem ligação ao centro de Avintes, onde fomos recebidos em clima de festa e por um banda filarmónica que ensaiava os primeiros acordes, que por certo iriam animar mais tarde a festa e outra audiência.

Agradecemos a recepção aplaudindo os músicos e fomos estrada abaixo, em direcção ao rio e ao areínho de Avintes, destemidos e em enorme velocidade, feitos “Os Ases dos Paralelos”, como o Jorge Oliveira apelidou, aqueles que pura e simplesmente, voaram.
Aqui chegados, para todos a primeira vez, fomos para a direita até aos cais de acostagem de pequenas embarcações, que para nós serviu de cais de pedalistas e de bicicletas, para mais uma famosa foto de grupo que já encabeçalha o nosso blogue.

2012-08-05 – Areinho de Avintes – Vila Nova de Gaia
Algúem lembrou, que “já faziam falta os cafézinhos” e nem de propósito, demos com o Rio Bar, ainda a abrir e a montar a instalação sonora, que nos serviu de poiso, numa bela esplanada, nas areias do areínho, à beira-rio plantada.

Algumas fotos mais, com os cafés tomados ouvindo música a preceito e depois de dois dedos de conversa sobre bandeiras, mapas e percursos, eis-nos de novo em cima delas, montados nas nossas… bikes.

Seguindo pela faixa de terra que medeia a estrada e o areal, local de acampamento ao fim-de-semana de famílias inteiras, que aproveitam a sombra das belíssimas árvores e as areias para se espraiarem, fomos até onde pudemos ir, ou melhor, até onde a vegetação e o rio nos deixou ir.

Volta atrás, cortamos ainda caminho com as bikes às costas e fomos de novo para a estrada de paralelos que nos levou até ao Cais do Esteiro, local onde se come uns belos petiscos, no bar O Cais, onde desagua um pequeno ribeiro, onde a estrada acaba e, de onde se tem uma bela vista, para o mais bonito estádio de Portugal, o Dragão é claro.

Daqui, tinha visto e estudado, que teríamos que subir uma estrada em asfalto até ao alto de Oliveira do Douro, para depois voltarmos a descer em direcção ao rio, perto da Quinta dos Cubos e fazermos um percurso estreito e sinuoso, junto ao rio, já de alguns de nós conhecido, que nos levaria até ao outro areínho, o de Oliveira do Douro, junto à ponte do Freixo.

Como o que a malta quer, é aventura e se possível terra, ao depararmo-nos com um trilho pedonal (PR), logo na subida, voltamos atrás e decidimos fazê-lo, pensando que poderia nos levar de novo à beira-rio, sem ter que subir a dita estrada.
Não foi isso que aconteceu, pois apesar de ser muito bonito e interessante, com bonitas passagens para as pedaladas, o trilho logo acabou numa estrada, que nada tinha a haver com o rio, mas que se a seguíssemos, nos afastaria por demais desse intuito.

Com a informação preciosa de uma simpática senhora, voltamos à estrada que sobe a bom subir, que passa por debaixo da auto-estrada e que ao alto nos levou, onde nos encontramos com o décimo sétimo elemento, que atrás de nós já vinha, desde que nos tinha visto passar no tabuleiro superior da ponte Luiz I, estando ele no inferior, o nosso amigo Óscar, que bem merecia uma estatueta dourada, por não ter desistido e ter vindo ao nosso encontro.

Veio ao nosso encontro e ainda nos guiou por onde tinha vindo, até ao Douro e ao dito trilho, estreito e perigoso, susceptível a quedas sobre as pedras da margem do rio, o que só não aconteceu por um triz, com o Manuel Sousa, logo no pior dos sítios onde isso poderia acontecer, tendo ficado encatrofiado com a bicicleta, numa pequena concavidade, entre o carreiro, um muro e as pedras do rio, que ficavam talvez, uns dois metros abaixo.

Nada de mais grave aconteceu e ainda bem, porque a malta para além da diversão, também gosta de trabalhar e do ganha pão e, sem isso não há pedalalas que dêem prazer.
Chegados ao Areínho mais conhecido de toda a gente, local de muitas alegrias e tristezas, especialmente para mim, que quando jovem adolescente, atravessava o rio a nado, desde o Porto, para fazer praia e me divertir com os amigos, incorrendo em riscos que só agora, passados estes anos todos, me vem à memória, face aos perigos que o rio apresenta, com o historial de afogamentos que aí acontecem, quase todos os anos.

Agora a adrenalina é outra e o elemento é outro, a terra, que nos leva em busca de novos trilhos, a peripécias de todo o género, sempre na busca da aventura pura e dura, quais jovens em busca do fruto proibido e muito desejado.

Faltava fazer a ligação Areínho – ponte S.João sem ter que subir nada e mantermo-nos junto ao rio e, desta vez, quem nos guiou, pelo percurso que tinha mais ou menos registado nos meus mapas, foi o José Paulo que já o tinha feito em sentido contrário, numa outra altura.

Andamos por entre campos, sebes e vedações, em single tracks que são os únicos acessos às hortas e fomos desembocar junto do edifício que serviu de laboratório de ensaios, aquando da construção da ponte S. João.

Daqui em diante, ainda houve tempo para o Zulu, fazer um pouco de escalada, numa parede da escarpa da serra do Pilar, coisa nunca vista nestas multifacetadas pedaladas.

Com o tempo a ameaçar a prometida e anunciada chuvinha e a arrefecer bastante, chegamos à Ribeira do Porto já com muita neblina e cheios de vontade de cruzarmos a baixa, subirmos até ao Marquês, para as despedidas da praxe, o regresso a casa, aos banhos e aos almoços, depois do dever cumprido e de mais um excelente Dar ao Ped@L.
Para Domingo há certamente mais aventura e estórias para contar.
Valdemar Freitas
com mais dezasseis bons amigos, a saber:
Anastácio Sousa, César Pinto, Emanuel Mascarenhas, Frederico Lima, Jorge Bastos, Jorge Oliveira, José Paulo, José Sousa, Manuel Sousa, Mário Dantas, Martinho Sousa, Nuno Meca, Óscar Ramalho, Sérgio Caban, Sérgio Guimarães e Tiago Costa
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mais uma excelente crónica e mais uma falta da minha parte… que saudades de pedalar… mas as obrigações neste momento são outras e oportunidades não faltarão para regressar ao grupo… que pelo que temos visto tem muito futuro para pedalar… e muitas estórias e aventuras para contar…
abraços a todos
Obrigado Vítor.
Um dia destes vais voltar e nós cá estaremos para te receber de braços bem abertos.
Abraço,
Valdemar
MUITO OBRIGADO
eu sei bem que conto com o vosso grande apoio…
grd abraço
Mais uma excelente crónica, parabens Valdemar… Pena foi não vos fazer companhia desta vez…
Havemos de lá voltar um dia, quem sabe no Outono, onde esse percurso terá outros tons.